quarta-feira, 15 de maio de 2013

A TPM e a Nutrição


A tensão pré-menstrual, a conhecida TPM, é uma causa comum de problemas físicos, sociais e comportamentais de milhares de mulheres em todo o mundo.
 
A TPM ocorre periodicamente em cerca de uma a duas semanas antes do início da menstruação (a fase lútea). No entanto, a causa exata da TPM ainda é desconhecida.
 
Contudo, pensa-se que os hormônios produzidos pelos ovários, particularmente a progesterona, provocam os sintomas da TPM através da liberação de “neurotransmissores”, que atuam como “mensageiros” químicos no nosso cérebro.
 
Mas além dos neurotransmissores, muitas enzimas, vitaminas e minerais parecem estar envolvidas neste processo, levando à especulação e investigação sobre o papel das vitaminas e minerais na TPM e de que forma eles poderiam amenizar os sintomas dessa síndrome.
Os sintomas da TPM variam entre as mulheres, podendo também apresentar sintomas diferentes a cada mês. Estes incluem alterações de humor, irritabilidade, aumento do apetite, desejos por carboidratos e álcool, sensibilidade mamária, dores de cabeça e retenção hídrica.
Outra constatação interessante encontrada em alguns estudos é de que as mulheres com doenças crônicas descompensadas podem ter maior gravidade nos sintomas da TPM, isto aconteceria devido ao fato de que com as doenças descompensadas, alguns marcadores inflamatórios ficam mais elevados, gerando uma espécie de estresse orgânico que poderia intensificar os sintomas relacionados à TPM.
Por mais que não hajam consensos, os estudos já realizados são concordantes em dizer que uma dieta saudável é essencial para ajudar a reduzir os sintomas da TPM. Isso significa realizar refeições equilibradas com alimentos variados em quantidades adequadas e ter cautela na ingestão diária de sal, álcool, cafeína, gorduras trans e saturadas.
Há evidências também de que o consumo adequado das necessidades de cálcio e vitamina D em nossa alimentação diária estão associadas à menor incidência de TPM.
Recentemente, um estudo mostrou que uma dieta adequada em vitaminas B1 e B2 pode reduzir a incidência da TPM em 35%. No entanto, eles perceberam que tomar suplementos dessas vitaminas não gerou nenhum efeito! Ou seja, o exagero não é o melhor caminho!! 
O excesso de ingestão de álcool também parece agravar os sintomas da TPM. O álcool também pode reduzir os estoques corporais de vários nutrientes essenciais, incluindo as vitaminas do complexo B que falamos anteriormente. Estudos sugerem que algumas mulheres com TPM possuem maior desejo por álcool no período pré-menstrual, mas que elas também são menos capazes de metabolizar esse álcool. Por isso é aconselhável evitar a “bebedeira” e não exagerar no consumo de álcool!


Durante a fase lútea, muitas mulheres, especialmente aquelas com TPM, possuem aumento no apetite e tendem a comer mais, principalmente doces e chocolates. Os estudos sugerem que o aumento no apetite seja causado por um pequeno aumento das necessidades energéticas das mulheres relacionado ao aumento na temperatura do corpo e da taxa metabólica nestes episódios. No entanto, a magnitude do aumento da necessidade energética  é muito pequena, não justificando a “comilança”, que acaba ocasionando um ganho de calorias extras e gerando ganho de peso.
Além disso, a incidência de obesidade entre mulheres têm sido fortemente associada com a TPM. Estudos mostram, ainda, que em mulheres com sobrepeso ou obesas, uma pequena perda ponderal já pode ajudar a aliviar os sintomas da TPM.
Desta forma, evitar o ganho excessivo de peso pode ser uma forma muito importante de diminuir a frequência e os sintomas da TPM.
Querem se livrar da TPM ou pelo menos reduzir seus sintomas?
Uma alimentação adequada e saudável é o melhor caminho...!
 
Referências utilizadas:
Alvir, J.M., Thys-Jacobs, S. (1991) Premenstrual and menstrual symptom clusters and response to calcium treatment.  Psychopharmacol Bull. 27(2),145-8
Bussell, G. (1998) Pre-menstrual Syndrome and Diet. Journal of Nutritional & Environmental Medicine 8, 65-75
Cross, G.B., Marley, J, .Miles, H., Willson, K. (2001) Changes in nutrient intake during the menstrual cycle of overweight women with premenstrual syndrome. Br J Nutr. 85(4), 475-82
Benton, D. (2002) Carbohydrate ingestion, blood glucose and mood. Neurosci Biobehav Rev.26(3), 293-308
Bäckström, T., Andreen, L., Birzniece, V., Björn, I., Johansson, I.M., Nordenstam-Haghjo, M., Nyberg, S., Sundström-Poromaa, I., Wahlström, G., Wang, M., Zhu, D. (2003) The role of hormones and hormonal treatments in premenstrual syndrome. CNS Drugs.17(5), 325-42.
Bertone-Johnson, E.R., Hankinson, S.E., Bendich, A., Johnson, S.R., Willett, W.C., Manson, J.E. (2005) Calcium and vitamin D intake and risk of incident premenstrual syndrome. Arch Intern Med.165(11), 1246-52.
Masho, S.W., Adera, T., South-Paul, J. (2005) Obesity as a risk factor for premenstrual syndrome.  J. Psychosom Obstet Gynaecol. 26(1), 33-39
Puder JJBlum CAMueller BDe Geyter ChDye LKeller U  Menstrual cycle symptoms are associated with changes in low-grade inflammation. Eur J Clin Invest. 2006 Jan;36(1):58-64
Gold, E.B., Bair, Y., Block, G., Greendale, G.A., Harlow, S.D., Johnson, S., Kravitz, H.M., Rasor, M.O., Siddiqui, A., Sternfeld, B., Utts, J., Zhang, G. (2007) Diet and lifestyle factors associated with premenstrual symptoms in a racially diverse community sample: Study of Women's Health Across the Nation (SWAN). J Womens Health (Larchmt) 16(5), 641-56.
Bertone-Johnson, E.R., Chocano-Bedoya, P.O., Zagarins, S.E., Micka, A.E., Ronnenberg, A.G. (2010). Dietary vitamin D intake, 25-hydroxyvitamin D3 levels and premenstrual syndrome in a college-aged population.  J Steroid Biochem Mol Biol. 121(1-2), 434-7.
Chocano-Bedoya, P.O., Manson, J.E., Hankinson, S.E., Willett, W.C., Johnson, S.R., Chasan-Taber, L., Ronnenberg, A.G., Bigelow, C., Bertone-Johnson, E.R. (2011) Dietary B vitamin intake and incident premenstrual syndrome. Am J Clin Nutr. Feb 23.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário